Era um jogo da Série A-2 do Campeonato Paulista de 1994. Foi no estádio Luisão e o adversário eu, infelizmente, não recordo. Nem mesmo o placar. Só lembro que o Grêmio Sãocarlense não perdeu. O Lobo tinha um bom time para aquele torneio e que lutava pelo acesso. Infelizmente, o retorno à elite estadual não veio.
Mesmo assim aquela noite de quarta-feira me fez sentir mais próximo do futebol. Esse esporte que, até então, eu apenas acompanhava pela TV e pelos jornais impressos, de repente eu estava em uma arquibancada.
A sensação era de pertencer mais ao futebol. Assistir a um jogo em uma cancha era muito diferente do que ver em casa ou escutar pelo rádio. Ouvir o grito da torcida. Os xingamentos. Não tem narração. Nem replay. Até desacostumar não é tão simples. Mas era divertido.
Passaram os anos e o Grêmio era o time da minha cidade e o Luisão a referência para ver uma partida e se sentir mais próximo desse espetáculo fascinante.
Quis o destino que as temporadas seguintes não fossem das melhores para o Lobo. Este vivia sofrendo na Série A-2 e sempre terminava mais próximo do ‘inferno’ do que do ‘céu’. Em 2003, veio o temível rebaixamento para a A-3 e, no ano, seguinte caiu para a Quarta Divisão e se licenciou da Federação Paulista de Futebol.
Todos que viveram em São Carlos e gostam de futebol têm alguma história do Grêmio para contar. Os anos na elite do futebol de São Paulo, com os grandes vindos à capital da tecnologia enfrentar o G.E.S.
Entretanto, com o passar dos anos, as pessoas se vão, as memórias se apagam e, se não há registros, a história tende a ser esquecida.
O Grêmio, assim como diversos clubes, tem suas histórias e façanhas para serem relatadas. Talvez poucos tenham um feito único como o Sãocarlense que, em agosto de 1997, viajou à Europa.
Em 2017, se completou 20 anos dessa turnê pelo Velho Continente. Visando relembrar essa epopeia, eu entrevistei o ex-jogador e atualmente empresário Neto Genovez e publiquei uma matéria no meu blog Arquivos e Histórias F.C e foram republicadas aqui.
Praticamente na imprensa ninguém lembrou desse feito. Tampouco foram atrás dos envolvidos nessa turnê.
Uma história cheia de tramas, mutretas, desconfianças e aventuras não pode ficar apenas no imaginário das pessoas. Precisava de um registro maior. Mais que uma reportagem. Um livro.
Não foi tão simples. Era um período em que não havia redes sociais, as mídias eram menores e, para tirar fotos, não era tão simples como nos dias de hoje (rolo de câmera, depois mandar revelar e torcer para não queimar o filme). Foi comum muitos dizerem que não tinham fotos e documentos dessa viagem. A memória de muitos já não guardava com clareza os detalhes dos jogos. Nem tudo foi possível esclarecer (como o resultado com o L’Aquila), mas aqui está uma publicação com alguns documentos, fotos e depoimentos de quem esteve naquela excursão.
A história de clube de uma cidade do interior de São Paulo que enfrentou grandes adversários da Itália e da Inglaterra durante o verão europeu está agora relatada em um livro.
