Docência: processo do aprender e do ensinar

Organização: Ana Lúcia Pereira, Danilo Augusto Ferreira de Jesuz, Francine Baranoski Pereira

PREFÁCIO

O livro Docência: Processo do aprender e do ensinar, organizado por Ana Lúcia Pereira, Danilo Augusto Ferreira de Jesuz, Francine Baranoski Pereira e Leila Inês Follmann Freire, que tenho a honra de prefaciar, apresenta-se como uma obra escrita por muitas mãos, congregando discussões em torno de questões atuais no que se refere ao trabalho docente e aos processos de ensinar e aprender. O trabalho é uma temática notadamente relevante, sobretudo pela centralidade que ocupa na vida das pessoas. É uma atividade que dá sentido à vida profissional e representa a possibilidade de vínculos entre as pessoas.

O trabalho torna-se relevante na e para a socialização do ser humano, sendo por seu intermédio que o indivíduo constitui suas relações sociais, almeja alcançar seus objetivos e suas realizações profissionais e pessoais. Por se tratar de uma construção histórica, permeada de subjetividades individuais e coletivas, torna-se indispensável para a construção da identidade de professores. O trabalho é, em si e por si, uma atividade vital que propicia não apenas a identificação de indivíduos, mas, também, que esses mesmos indivíduos se identifiquem nas atividades que realizam, ou seja, as relações que se estabelecem no trabalho docente refletem-se no processo do tornarse professor. O trabalho, na realidade, destaca-se como elemento central, singular e de suma importância na vida de uma pessoa que ainda deve conviver com a globalização, com o avanço tecnológico, com a crise econômica e com as mudanças sociais que afetam a organização do trabalho na sociedade contemporânea, o que, por sua vez, interfere e demanda uma nova organização entre o trabalhador e seu trabalho. As mudanças sinalizam uma crise histórica, uma crise estrutural, profunda, do próprio sistema do capital, e, como expressa Mészaros, afeta a humanidade e exige, para a sobrevivência, mudanças fundamentais. Toda essa complexa multiplicidade de situações contribui para um mal-estar generalizado, e, no que concerne particularmente ao magistério, incide sob a forma de declínio da imagem, tendo repercussões óbvias na condução pedagógica, na dimensão pessoal e profissional dos professores.

O trabalho docente preserva características intrinsecamente humanas, que se realizam em condições objetivas e subjetivas e têm, como objeto de trabalho, a formação e a emancipação de indivíduos críticos e atuantes na sociedade; por essa razão, o professor é sujeito da escola e desempenha função primordial no processo de ensino e aprendizagem, tendo em vista a característica subjetiva desse profissional, que trabalha com material humano, e que deve dispor de autonomia na condução dos processos de ensino. Por essas razões, não se prepara um professor de uma hora para outra, é preciso longa formação específica e imersão na escola, lócus do futuro trabalho, pois a escola possibilita a construção dos significados da docência que se desenvolvem em condições sociais únicas, porque o ser humano é único em suas características. É preciso valorizar os conhecimentos experienciais, advindos da articulação Universidade e escola, uma vez que a aprendizagem da docência ocorre a partir do momento em que o professor assume a função de Professor, adentra o espaço escolar, depara-se com a sala de aula, com os alunos e com as situações de enfrentamento. Por essa razão, a formação do professor deve ser um desafio para a escola, constituindo-se a instituição como um ambiente educativo a que impõe conjugar formação e trabalho em todas as suas ações, evidenciando, assim, um processo formativo permanente, encontrado no dia a dia dos professores e não em atividades ou projetos isolados.

Esta obra oportuniza uma reflexão acerca tanto das relações entre ensino e aprendizagem, quanto das práticas pedagógicas desenvolvidas pelos docentes e, ainda, do enfrentamento dos papéis que aos professores tem sido instituído pelo Estado e pelas políticas educacionais atuais, especialmente em relação à perda de autonomia do professor no processo de aprendizagem.

É um desafio colocar um livro em diálogo com a comunidade científica, mas o livro de docência: “Processo do aprender e do ensinar” instiga o leitor a pensar e a repensar a profissão docente, quer por compreender o professor como sujeito da escola, como sujeito que desempenha papel estruturante do grupo, no lugar marcado no tempo e no espaço da escola, quer por defender que a profissão docente é repleta de singularidades, que demanda características específicas em seu trabalho, pelo fato de ser intrinsecamente humana e se realizar em condições objetivas e subjetivas. Como bem define Nóvoa, a profissão professor possui especificidades únicas, e a discussão sobre a profissão docente perpassa pelos conhecimentos daquele que a exerce e pelo contexto no qual se constitui na sociedade, bem como pelas expectativas que se colocam sobre ele.

Por esse viés, os capítulos desta obra proporcionam oportunidade para discussões e reflexões nessa disputada arena de embate sobre o reconhecimento do trabalho do professor. Assim, ao finalizar este prefácio, agradeço o honroso convite, bem como a oportunidade privilegiada de dialogar com as investigações realizadas, reafirmando que esta obra resulta de uma instigante contribuição para a área educacional.

Profa. Dra. Flavia Wegrzyn Magrinelli Martinez

Doutora em Educação pela UEPG

Ano de lançamento

2020

ISBN

978-85-7993-829-0

ISBN [e-book]

978-85-7993-830-6

Número de páginas

315

Formato

Organização

Ana Lúcia Pereira, Danilo Augusto Ferreira de Jesuz, Francine Baranoski Pereira