Trazer Verney à cena do debate contemporâneo é contribuir para que possamos também pensar a atualidade de suas reflexões e, em especial, o vigor de sua presença no espaço público. Em nosso tempo, muitos dos teóricos da educação recusam-se a se colocar no palco da praça pública. Os debates pedagógicos acabam por se restringir aos muros da universidade. Ao deixar de fazer o debate público, este acaba sendo ocupado por atores sociais de fora da universidade, basicamente por integrantes de organizações não-governamentais e até por agentes do mercado. Reler Verney é necessário porque parece imprescindível que a universidade e os produtores de políticas públicas em educação voltem a circular na arena pública, dando a ver a sua produção, o seu conhecimento e os seus projetos de escola e de nação. Só por meio da palavra e do diálogo é que poderemos superar todos os entraves hoje colocados para o desenvolvimento de uma pedagogia progressista, mediante a qual os conteúdos curriculares possam ser mobilizados para o propósito da transformação do tecido social em prol de uma sociedade mais equilibrada, mais justa e mais fraterna.
Carlota Boto
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE/USP)
