Educação, tecnologias e linguagens: pesquisas, metodologias e práticas inovadoras (vol. 1)
Organização: Adriana Vaz, Anderson Roges Teixeira Góes, Rossano Silva
PREFÁCIO
Os estudos aqui apresentados são frutos de um esforço acadêmicocientífico dos pesquisadores do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação, Tecnologias e Linguagens (GEPETeL) em reunir investigações realizadas primordialmente no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Educação: Teoria e Prática de Ensino (PPGE:TPEn), Universidade Federal do Paraná (UFPR), que se inscreve no rol dos 49 Mestrados Profissionais existentes no Brasil, atualmente.
A temática do livro, Educação, Tecnologias e Linguagens: pesquisas, metodologias e práticas inovadoras (volume 1), congrega pesquisas que tratam de temáticas contemporâneas como: a cultura visual; a expressão gráfica como tecnologia educacional; a ressignificação das imagens, moda e o ensino da arte; recursos digitais presentes nos livros de história; (auto)biografias e formação em Artes; o espaço de brincar e o uso das tecnologias digitais na Educação infantil; o modelo de formação de professores e o uso das tecnologias digitais; a teoria das inteligências múltiplas e a educação inclusiva. A coletânea contribui com temáticas pertinentes à contemporaneidade as quais permeiam os processos educativos escolares, dentre elas: a questão da leitura crítica da imagem, a cultura visual, no ensino da Arte, tendo como ferramenta a linguagem da moda.
Há uma profusão da imagem no cotidiano das pessoas, sobretudo, na vida dos estudantes que frequentam a escola básica. As imagens conjugadas com outras linguagens, por exemplo, possuem um potencial pedagógico que
precisa ser trabalhado pelo(a) professor(a) no sentido de contribuir para uma leitura crítica e criativa da realidade de seus estudantes, bem como, enriquecer o ensino da Arte. É preciso fomentarmos o alfabetismo visual. Conforme Dondis (2003, p. 23) aponta “Não existe nenhuma maneira fácil de desenvolver o alfabetismo visual, mas este é tão vital para o ensino dos modernos meios de comunicação quanto à escrita e a leitura foram para o texto impresso”. Por outro lado, as Artes Visuais na escola enquanto forma de visualidade, pode explorar, tanto na leitura como na produção a busca pela expressão e sensibilidade além da criticidade.
A moda enquanto fenômeno humano e multidimensional é parte integrante da cultura visual e, portanto, uma forma de visualidade que propõe discutirmos o modo de vivermos e de pensarmos o mundo, além de analisarmos criticamente os padrões e comportamentos dominantes, levando os estudantes a refletirem a partir de situações-problema sobre as suas decisões, comportamentos, bem como, compreenderem num nível reflexivo, que a vestimenta é uma, dentre várias, forma de comunicação. As imagens das artes, da publicidade, da mídia e, da moda, têm o poder de sedução, persuasão e formação em relação às novas gerações de estudantes. É preciso problematizarmos e refletirmos sobre o poder dessas imagens em relação às práticas sociais e culturais.
A leitura da coletânea nos proporciona um flanar pelos registros (auto)biográficos trazendo-nos interessantes reflexões sobre o percurso profissional de professores que atuam na Educação básica ministrando disciplinas de Artes e Desenho. A utilização da narrativa biográfica ou (auto)biográfica proporciona um ângulo de visão da prática docente em que o ato de narrar possibilita que cada pessoa dê sentido a sua história de vida, ou seja, “é a narrativa que faz de nós o próprio personagem de nossa vida e que dá uma história a nossa vida.” (DELORY-MOMBERGER, 2011, p. 341).
Os enfrentamentos, sobretudo em tempos tão desafiadores como os de hoje, na linha de frente da Educação básica, requer do professor(a) conhecimentos, habilidades e competências que se constroem ao longo de seu exercício profissional. Vaz; Castanheiro; Stolf (2021) chamam-nos à atenção quando tratam da lida do educador na escola básica que, além dos conhecimentos e saberes básicos necessários para o(a) professor(a) desempenhar seu papel de mediador(a), de animador(a), de instigador(a), de orientador(a), refletem sobre a necessidade de que ele(a) torne-se um encantador(a) de almas, que as cative (estudantes). Isto não é tarefa fácil, argumentam. No entanto, acrescentam que, para ser um encantador(a), é preciso, primeiro, encantar-se, porque nenhum docente conseguirá convencer o(a) educando daquilo que nem ele(a) acredita.
A obra permite-nos compreender um pouco mais amiúde o conceito e o papel que a expressão gráfica tem no processo educativo, compreendida com um campo de estudo que congrega elementos do desenho, das imagens, de modelos e dos recursos digitais que estão presentes em diversas áreas do conhecimento humano. A finalidade da expressão gráfica é apresentar, representar, exemplificar, aplicar, analisar, formalizar e visualizar conceitos construídos pela humanidade historicamente sobre a realidade. No âmbito escolar Góes e Góes (2018, p. 108) ilustram a expressão gráfica como modelos (sólidos geométricos, maquetes e outros), fotografia, esculturas, desenhos e outros, bem como, podendo seus elementos estarem presentes: no quadro de giz, no vídeo, nos livros didáticos e paradidáticos, nos cartazes, nas histórias em quadrinhos, nas dobraduras, entre tantas outras tecnologias que geram imagens reais ou imaginárias, bidimensionais ou tridimensionais.
Há uma preocupação dos autores em demonstrar-nos que a expressão gráfica tem sido pouco acolhida enquanto área do conhecimento na formação de professores (LUZ; GOES, 2018). Os pesquisadores salientam, portanto, a necessidade de promover estudos, reflexões e propostas pedagógicas que resgatem no processo formativo de professores o aprofundamento teórico a cerca deste campo de estudo que pode contribuir com o processo de construção do conhecimento, de aprendizagens significativas e inovadoras.
Por fim, queremos apontar que a leitura desta coletânea contribui para que nós, professores(as), tenhamos a consciência do nosso papel de mediadores em relação à leitura de mundo, à leitura dos discursos e das imagens e ao uso consciente e pertinente das tecnologias digitais junto aos aprendentes que frequentam a escola básica. O(a) professor(a) lida em sua sala de aula com as experiências estéticas dos estudantes que edificam uma teia de significações, expectativas, saberes e simbolismos diante da complexidade da realidade e necessitam da mediação docente para que possam construir autonomamente sua leitura interpretativa e crítica da realidade multidimensional.
Curitiba, 17 de abril de 2021.
Prof. Dr. Ricardo Antunes de Sá
Coordenador do PPGE:TPEn/UFPR
Ano de lançamento | 2021 |
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ISBN [e-book] | 978-65-5869-290-4 |
Número de páginas | 181 |
Organização | Adriana Vaz, Anderson Roges Teixeira Góes, Rossano Silva |
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