Narrativas de resistência e a formação de memórias docentes: da inteireza de letramentos e de movimentos em linguagem decolonial da licenciatura em Educação do Campo da UFRRJ

Resgatar a “estória” dos educadores é fundamental para compreendermos o processo por que passam as relações sociais. No entanto, para que a história continue a ser contada, é preciso que novos olhares contribuam para a leitura dessa construção, especialmente considerando os discursos presentes no espaço formativo de um Curso de formação de professores que se origina e se volta, ao mesmo tempo, aos movimentos sociais. Destaca-se, pois, o diálogo com as tessituras dos alunos da Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, em sua primeira turma, de onde partem minhas inquietações como pesquisadora e como professora.

Com origem em uma tese de doutoramento, o texto se consubstancia como uma provocação à ideia de “letramentos” e “movimentos”, como propõe o título desses escritos, com destaque intencional para a ideia de movimentar-se com, como esses alunos, oriundos de movimentos sociais do campo, já traziam consigo em suas bagagens ao desembarcarem na Universidade. Com recorte na primeira turma, a pesquisa ora apresentada como livro buscou também perceber a tensão entre instituintes e instituído, a partir de especificidades educacionais que se reconhecem como politicamente enraizadas nas lutas democráticas pela alteridade, considerando, especialmente, as memórias e as histórias de vida dos sujeitos partícipes e integrantes da então “turma piloto” do curso em questão.

Pedagogia da Alternância, decolonialidade, narrativas, letramentos. Com enfoque em uma produção específica – os Cadernos Reflexivos – a obra se apresenta como uma reflexão para outros fazeres acadêmicos possíveis, via linguagem, respeitando-se memória e identidade. Por se apresentar a partir de um curso de formação de professores, a pesquisa se pretendeu para além da escola, como uma ação multiplicadora a partir de outras ações docentes possíveis pela experiência analisada. Um bilhete de partida que nos convida a outras viagens pedagógicas.