O progresso é para o branco: a política indigenista da ditadura militar brasileira e a representação do deputado Mário Juruna no Globo

Autoria: Lucas Schandler Ferri

INTRODUÇÃO

A barbárie da ditadura militar brasileira é inegável para muitos, mas a história é um campo de disputas, inclusive políticas e os grupos dominantes a narram. A história das populações indígenas é um dos exemplos, com matanças de tribos inteiras, torturas, prostituição, sevícias, desvio de recursos, envenenamento de alimentos, propagação proposital de varíola, caçadas com metralhadoras e atrocidades sem precedentes, tudo em território brasileiro e fazendo parte de uma dissimulada política de estado, mas que ainda pouco se ensina.

Por uma visão Positivista do progresso por parte do Estado, os índios sofreram profundo genocídio nos governos militares após o golpe de 1964 e sob pretexto de que estes seriam inimigos do desenvolvimento e dos interesses do capital, enquanto a população indígena teve de se envolver com maior profundidade com a participação política para garantir seus direitos tão submetidos às instituições de fachada que deveriam protegê-los, como o SPI (Serviço de Proteção ao índio) e, posteriormente, a FUNAI (Fundação Nacional do Índio); agropecuaristas, extrativistas, industriais e afins, todos foram beneficiados por essas instituições. Surge então a figura do primeiro e único parlamentar xavante no congresso até hoje: o indígena Mário Juruna.

O trabalho a seguir tem como objetivo contribuir com campo de conhecimento histórico e crítico sobre os tempos obscuros do regime militar brasileiro de 1964, focando em povos que sofreram profundamente por sua diversidade cultural e étnica; enquanto também tem como pauta a análise o papel midiático, em específica do jornal O Globo no primeiro ano de mandato de Mário Juruna (1983) – que o citou em torno de 420 vezes – em retratar de forma caricata ou inferiorizada o parlamentar indigenista eleito para no Congresso Nacional de 1983, fazendo um levantamento e contextualização das raízes dos ideias que fomentam a perseguição e genocídio dos povos originários brasileiros, os fatores que acarretaram e acarretam uma suposta necropolítica contra estes povos e o provável papel da grande mídia em desmoralizar a diversidade e os direitos destes povos. A escolha pelo O Globo se deu por ser um provável campo fértil de análise, uma vez que o jornal apoiou a ditadura e sua posição, teoricamente, condisse com as ideias do estado.

Ano de lançamento

2021

Autoria

Lucas Schandler Ferri

ISBN

978-65-5869-344-4

ISBN [e-book]

978-65-5869-362-8

Número de páginas

96

Formato