A presente obra reúne uma coleção de artigos produzidos por docentes participantes de um programa de pós-graduação, o Mestrado Profissional de Ensino de História, cuja história é contada no primeiro capítulo. O ProfHistória organizado na Universidade Federal Fluminense completa seu oitavo ano e pode ser considerado um programa exitoso, por ter conseguido cumprir o objetivo de atender, com qualidade acadêmica, a necessidade de formação continuada de docentes da educação básica, já distanciados da vida universitária e acumulando diversas experiências profissionais nas escolas, sobretudo das redes públicas.
Importa considerar outro objetivo que diz respeito ao fértil diálogo estabelecido, nesses oito anos, entre os docentes universitários e seus colegas do ensino fundamental e médio, para responder teórica e metodologicamente aos desafios pedagógicos vividos em realidades escolares diversas. Os projetos de pesquisas, nessa medida, são concebidos e realizados na perspectiva de intervir no cotidiano escolar, qualificando o trabalho pedagógico dos docentes/pesquisadores. Invariavelmente, os projetos nascem de inquietações, quando os docentes buscam superar os limites da cultura escolar tradicional e a rigidez dos currículos prescritivos, que não dão conta das expectativas de crianças, adolescentes e jovens no cenário da crise civilizatória em que vivemos. Assim, o ProfHistória tem garantido um ambiente acadêmico oportuno e acolhedor para o amadurecimento teórico/prático de uma geração de docentes que se fortalece para realizar transformações no sentido da democratização das escolas brasileiras, a partir do campo que lhes diz respeito, o ensino de História.
As dissertações do ProfHistória têm o mérito de poder inspirar outros docentes de História da educação básica a realizarem projetos pedagógicos locais, buscando a construção de currículos que dialoguem com a vida de seus alunos. Os temas pesquisados nesse livro constituem uma amostra expressiva desse esforço de reinvenção do ensino de História. Os autores enfrentaram desafios culturais impostos pela sociedade que vivemos, dando sentido ao trabalho pedagógico para compreender, por exemplo: o lugar da História na conjuntura da pós-verdade; o papel dessa disciplina na formação de uma consciência pluralista em relação ao gênero e as sexualidades; sua contribuição para superarmos o racismo estrutural em nosso país; a importância das lutas sociais de negros e indígenas na formação social do país; bem como a valorização da história local e seus nexos com as identidades sociais dos estudantes.
Resistente, o ProfHistória atravessou, com louvor, uma conjuntura muito desfavorável, marcada pela pandemia e por um governo hostil à ciência e à democracia. Vida longa ao ProfHistória.
