Reflexões educacionais: desafios formativos
Organização: Analígia Miranda da Silva, Fábio Antonio Gabriel
PREFÁCIO
Vivemos, nestes momentos, um capitalismo pós-democrático com todas as suas consequências para a população mundial, principalmente para os trabalhadores. O capital financeiro mascara o conflito entre os princípios democráticos e seus interesses nefastos em relação às conquistas sociais, aos direitos humanos, a qualidade ambiental para potencializar a acumulação privada. Contudo, as crises inerentes a este modo de produzir a vida em sociedade permitem visualizar as estratégias do capital para exercer o domínio mundial sobre a democracia por meio de processos relacionados à tecnologia, as normas fiscais e à dívida pública que massacra os trabalhadores, os autênticos produtores da riqueza.
Ainda, o poder do capital coopta os Estados mundiais, para que estes imponham, por meio dos seus aparelhos repressores e ideológicos, o controle sobre os trabalhadores com o intuito de favorecer o “mercado” e desmontar as formas de enfrentamento destas imposições que vêm sacrificando as importantes conquistas da população.
Desvendar e resistir a essa força hegemônica do capital, passa inequivocamente pela educação das massas populares para reagir a esta tragédia socioeconômica e política. A afirmação não pressupõe uma visão redentora da educação, mas afirmar que não é possível compreender o quadro conjuntural sem ela. Entretanto, é preciso identificar e analisar diversidade dos processos educativos, mais especificamente o que temos produzido no Brasil para entender que o processo educativo ainda carece de bases para efetivar esta finalidade.
As múltiplas expressões da educação brasileira são problematizadas de diversas formas considerando contextos, fundamentações teóricas, práticas diversas e concepções pedagógicas em realidades díspares e complexas. É relevante considerar que a educação está submetida a aspectos econômicos e políticos que a determinam, pois regulam sua implementação em âmbito municipal, estadual e federal traduzindo, em grande medida, mecanismos de dominação e de subordinação reproduzindo assimetrias de classe, próprias da sociedade do capital.
Diante do exposto, faz-se necessário um olhar crítico sobre essas diferentes formas de expressão da educação e como reproduzem as mazelas da sociedade no contexto da escola pública, seja ela de educação básica ou de ensino superior, considerando os determinantes políticos e econômicos.
Este olhar nos possibilita evidenciar as contradições que decorrem do modo como produzimos a vida em sociedade e, como este interfere na constituição do projeto educativo nacional que gerou praticamente a universalização do ensino, contudo a qualidade não se efetivou. Esta problemática impõe certa incompreensão de como a sociedade funciona e, desta forma, inviabiliza opções e tomadas de decisão que de fato contribuam para a resolução dos problemas sociais.
Diante desta condição a escola que poderia contribuir para a transformação social, acaba por ter sua expressão limitada no âmbito formativo, escamoteando seu compromisso com educandos e educadores, não cumprindo seu maior objetivo que é formar a humanidade nos seres humanos. Superar essa condição é absolutamente desejável e para isso é preciso conceber que os fatos somente têm sentido e significado a partir do contexto histórico em que estão inseridos, considerando o movimento histórico como determinativo.
Esta afirmativa ganha significativa importância, a partir do entendimento que a escola e seus processos são produtos de uma sociedade envolvida em antagonismos aparentemente insolúveis e irreconciliáveis que podem levá-la a uma profunda desestruturação. Penso que este esclarecimento é uma das chaves para construir uma opção diferente de escola e de educação que desmistifiquem as relações de opressão e dominação impostas à sociedade e que se reproduzem na escola e nas práticas em seu cotidiano. Socializar os conhecimentos artísticos, científicos e filosóficos em seu mais elevando nível pode contribuir para que as disputas próprias da lógica destrutiva do capital não se reproduzam no ambiente escolar.
É neste sentido que este livro denominado Reflexões Educacionais: Desafios Formativos que reúne artigos de importantes estudiosos de campo da educação se inscreve. Traz contribuições para pensar a escola e a educação neste cenário contemporâneo em que análises qualificadas são urgentes.
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Ano de lançamento | 2019 |
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ISBN [e-book] | 978-85-7993-693-7 |
Número de páginas | 189 |
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Organização | Analígia Miranda da Silva, Fábio Antonio Gabriel |