Vários princípios sustentam o sentido da existência da escola, bem como sua função educativa e social, no entanto, o que a caracteriza como espaço privilegiado das aprendizagens, dos conhecimentos, dos saberes produzidos pela humanidade e dos encontros entre a diversidade de sujeitos em sua multifacetada existência biológica, psicológica, histórica, social e cultural. Neste sentido, pensar a escola em sua conjuntura e trajetória, exige compreender suas narrativas e teias de relações que evidenciam a função social deste espaço/tempo na vida dos sujeitos. Contudo, pensar nos sujeitos é olhar para uma multiplicidade e diversidade enquanto um organismo vivo, temporal, e, jamais estático, moldado, limitado e/ou acabado, pois, conforme destaca Freire (1996, p.50),“o inacabamento do ser ou sua inconclusão é próprio da experiência vital. Onde há vida, há inacabamento”. Os sujeitos se constroem e se constituem através da (rel)ação com o outro, o diferente, o mundo, a cultura, os valores, a história, a arte, e nesta (in)constante relação, o sujeito se descobre, e nesta descoberta, constrói sua identidade, singularidade, peculiaridade, historicidade e territorialidade. (Re)conhecer e valorizar a escola, as narrativas, os percursos da docência, da profissionalidade e da própria formação pessoal e intelectual revela o quanto se faz necessário uma história e uma Escola-Outra, construída e organizada no pertencimento coletivo, na busca de conhecimento, na consciência política e social, conduzida por variáveis multiculturais, históricas e humanas que possibilitam novas relações com o saber e com o conhecimento, novas compreensões do humano e do mundo, novos encontros e olhares, novos desafios e novas formas de ressignificar a vida.
As narrativas como instrumento de formação continuada e permanente aos profissionais/professores oportunizam e possibilitam perceber a linearidade do percurso formativo e ampliam os olhares da profissão num processo constante de reflexão e reconstrução das experiências, saberes e conhecimentos desenvolvidos no campo pessoal e profissional. Deste modo, ao considerar a própria história profissional, diante das inúmeras experiências vividas na escola, os profissionais/professores, interagem com as experiências e vivências de todos os sujeitos que compõem o cotidiano do processo educativo, colocando-os num constante exercício dialógico e interativo entre vários saberes de potente relevância social, formativa e pedagógica. Aparecido Donizeti Chagas de Faria é Diretor de Departamento de Pedagogia e Formação Continuada do Centro de Formação dos Profissionais da Educação – Paulo Freire, da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia de Hortolândia –São Paulo
